"Há ratinhos de biblioteca de todas as idades. A paixão pelos livros, a busca do conhecimento e a necessidade de estar informado justificam as horas passadas à volta dos livros e jornais. A biblioteca é quase uma segunda casa para eles. Uns recorrem a ela para alimentar o gosto pela leitura, outros em busca do sossego e outros ainda para efectuar pesquisas. Nem todos aceitam a designação de ratinhos de biblioteca.

São 16h00 na Biblioteca Municipal de Alverca. O silêncio omnipresente é apenas interrompido pelo barulho intermitente das teclas de um computador portátil. Por trás do ecrã está Ana Martìnez de 17 anos e que se assume como uma autentica ratinha de biblioteca. Aluna do 10º ano na Escola Infante D. Pedro, em Alverca, dedica todo o seu tempo livre ao estudo e a biblioteca é o seu local preferido. Se não tem que fazer pesquisa para algum trabalho aproveita para consultar livros para satisfazer a sua “imensa curiosidade”.

Trabalhadora-estudante, Ana Martìnez tem agora apenas o fim-de-semana para ir à Biblioteca Municipal de Alverca onde passa quase todo o tempo. A jovem vai quase sempre sozinha já que os amigos preferem passar o tempo livre a passear. Alheia às ‘bocas’ dos colegas que a apelidam de “marrona”, Ana Martìnez só pensa em estudar para vir um dia a realizar o seu sonho: ser jornalista.


A ida à Biblioteca Municipal de Vila Franca de Xira à sexta-feira é sagrada para Sara Duque. A jovem de 21 anos aproveita o seu dia livre da faculdade para “pôr o estudo em dia”. O dia começa às 10h00 com a abertura da biblioteca e termina por volta das 18h, período em que revê a matéria da semana e aproveita para consultar os livros.

Hoje a estudante de Nutrição e Engenharia Alimentar, no Instituto Superior de Ciências da Saúde Egas Moniz, no Monte da Caparica, tem como companhia um “calhamaço” com mais de mil páginas sobre Medicina Interna. Para Sara Duque o “sossego” da biblioteca é o que mais a atrai, porque aqui consegue “estar horas seguidas a estudar” o que não conseguia fazer em casa, recusando o epíteto de ratinha de biblioteca. São sobretudo estudantes que procuram a biblioteca para estudar, na maioria das vezes pelo sossego.

É também o caso de Nuno Rendeiro, de 26 anos, que todos os sábados disponíveis vai para a Biblioteca Municipal de Alverca concentrar-se no estudo. O estudante de Linguística, na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas de Lisboa, recorre à biblioteca também quando necessita de consultar obras de referência.

O mesmo faz Sofia Ferreira, de 21 anos, que diz procurar a biblioteca sobretudo em vésperas de exames. Com o teste de Direito da Família à porta, a jovem estudante de Direito, na Faculdade de Direito de Lisboa, quase desaparece entre os “calhamaços” da área que trouxe na sua maioria de casa. É o “silêncio e o sossego” que reina na biblioteca que a atrai por lhe permitir uma maior concentração.

Mas há quem procure a biblioteca para conseguir alimentar a sua paixão pela literatura. Quase todos os dias António Silva, de 59 anos, passa mais de duas horas na Biblioteca Municipal de Vila Franca entre contos, o género literário que mais o fascina. “Às vezes levo para casa, mas prefiro ler aqui pelo ambiente tranquilo e também mais misterioso”, justifica o bancário reformado. Foi precisamente a reforma que lhe deu o tempo necessário para se dedicar à leitura e também à escrita, os seus hobbys de eleição".